Haddad minimiza problemas no Enem 2010 e descarta anulação do exame
Do Extra on lineBRASÍLIA - O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou durante entrevista coletiva, que o governo vai tentar reverter a decisão da Justiça que suspendeu o Exame Nacional do Ensino Médio 2010 (Enem) realizado no último fim de semana. O presidente Lula ao desembarcar nesta segunda-feira em Maputo , capital de Moçambique, minimizou os problemas ocorridos neste fim de semana e disse que o exame foi "um sucesso extraordinário".
- O que houve é que um jornal de Pernambuco, um jornalista, tentou fazer, para demonstrar uma fraude ou uma fragilidade do sistema. É muito difícil você lidar com seriedade quando você tem pessoas que não agem com seriedade - afirmou o presidente.
Já o ministro Haddad, que deveria acompanhar Lula na viagem à África, defendeu que houve um número "relativamente pequeno" de relatos de candidatos prejudicados com os erros nas provas nos cadernos amarelos. Ele atribuiu o problema a "falha humana".
Haddad ressaltou ainda que mantém a decisão de não refazer o exame, mas apenas provas aos estudantes prejudicados que receberam o caderno amarelo com erros de impressão.
- Estamos absolutamente seguros que a prova do Enem é tecnicamente sustentável em todos os pontos - disse Haddad, reforçando que irá sustentar a tese até o final.
Segundo Haddad, o ministério irá explicar à juíza que o uso da TRI permite a comparabilidade no tempo de provas distintas.
- Nós vamos levar à consideração da juíza o que nos parece ser sua maior preocupação, que é o fato de que as pessoas estariam submetidas a provas diferentes quando o exame for reaplicado. Mas o TRI permite que elas sejam submetidas a questões de mesmo peso - disse o ministro.
Em relação aos problemas verificados nas folhas de respostas, o ministro procurou minimizar o erro justificando que "os relatos foram poucos". Ele lembrou ainda que a gráfica assumiu a responsabilidade pelo problema ocorrido com as provas amarelas.
- Não estou querendo subestimar os problemas - garantiu.
Haddad disse ainda que o ministério continuará apurado os fatos e confirmou abertura de sindicância para apurar o erro nos cartões de respostas.
- O ministério irá fazer uma sindicância. É preciso ter cautela para não responsabilizar indevidamente quem não tem culpa - afirmou o ministro.
Haddad afirmou que o problema foi relatado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda no domingo (7), quando o ministro também pediu autorização para se ausentar da viagem para Moçambique com o presidente por conta do Enem.
O ministro disse que esteve em contato durante o dia com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, além de representantes da Defensoria Pública da União, da gráfica responsável pela impressão e do consórcio responsável pelo contrato com a gráfica.
Sobre o eventual impacto dos erros de impressão na credibilidade do exame, o ministro afirmou que isso não deve ocorrer, a exemplo, segundo ele, dos problemas do ano anterior.
- Quero crer que, pelo que ocorreu no ano passado, que foi infinitamente mais grave, mesmo assim tivemos um aumento de 10% dos inscritos e dobramos o número de instituições que aceitam a nota do Enem para o ingresso de estudantes. Por isso, acho que a credibilidade não deve ser abalada - disse.
Liminar suspende Enem
Sobre a suspensão da prova, determinada pela Justiça Federal do Ceará , o ministro disse que a consultoria jurídica do MEC tentaria reverter a decisão. Os advogados vão prestar esclarecimentos sobre a metodologia do Enem, e, caso não convençam a juíza, vão recorrer da decisão. (Leia mais: Defensoria pede anulação das provas do Enem, mas presidente do Inep descarta)
Haddad disse que outras liminares (decisão provisórias) já tentaram suspender o Enem no passado, mas que em todas as ocasiões as decisões foram revistas. O ministro disse ainda que a consultoria jurídica avalia se, caso a suspensão seja mantida, existe problema em colocar no ar o sistema para que o aluno indique como preencheu o cartão de respostas da prova. A previsão é que o sistema esteja funcionando até quarta-feira pelo site do Inep ( www.inep.gov.br ).
Haddad defendeu que o Enem é "absolutamente sustentável" sob o ponto de vista técnico e disse que não cogita marcar um novo exame.
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