quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ECONOMIA

Salário no Brasil aumentou mais do que a média mundial entre 2008 e 2009
Valorização do mínimo foi essencial para o país sair rapidamente da crise econômica
Do R7, em Brasília.

Estudo divulgado nesta quarta-feira (15) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) confirma o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinha pregando desde o início da crise financeira mundial de 2008: o crescimento da massa salarial do trabalhador é o melhor antídoto para períodos de vacas magras na economia.
De acordo com o documento, os salários no Brasil aumentaram 3,4% e 3,3% em 2008 e 2009, respectivamente, num movimento oposto ao da média mundial, que registrou crescimento real de apenas 1,5% e 1,6%. Segundo a OIT, a manutenção do poder aquisitivo e a política do governo de valorização do salário mínimo foram fundamentais para diminuir os efeitos da crise por aqui.
Considerando-se o período que se estende desde o início do governo Lula, em janeiro de 2003, até agora, o salário mínimo já obteve um reajuste nominal de 132,50%, enquanto a inflação acumula alta de 60,40%. Ou seja, houve, no período, um aumento real de 44,95% no salário.
Política semelhante foi vista em países da Ásia, especialmente na Índia e na China, que vem se deparando com uma pressão cada vez maior dos trabalhadores por aumento de garantias trabalhistas. Os salários reais no continente cresceram mais de 7% entre 2006 e 2009.

No mundo
O papel da China, inclusive, é tão grande nesse contexto que, excluindo a sua participação no bolo salarial mundial, o crescimento cai de 1,5% para 0,8% em 2008 e de 1,6% para 0,7% em 2009.
De acordo com o diretor geral da OIT, Juan Somavia, o motivo dessa redução nos salários está justamente nos países que mais sentiram os efeitos da crise. Doze das 28 economias mais industrializadas experimentaram uma redução do nível de salário real em 2008, incluindo Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Itália, Japão, México e Coreia do Sul. Em 2009, sete países repetiram a dose: Alemanha, França, Inglaterra, Japão, México, Coreia do Sul e Rússia.
- A diminuição dos salários foi um fator importante para a crise e continua afetando a recuperação de muitas economias. Estamos frente a um mundo com escassa demanda agregada, grandes necessidades insatisfeitas e taxa de desemprego alta e contínua. Os responsáveis pelas políticas macroeconômicas devem enfocar sua atenção ao emprego e aos salários, para assim assegurar a recuperação econômica e fazer frente aos desequilíbrios sociais e econômicos de longo prazo.

Baixa renda
Mas se o Brasil se destacou em um período que ainda se mostra difícil para gigantes da economia mundial, ainda há muito a ser feito aqui dentro. O estudo da OIT também revela que há pouca mobilidade entre trabalhadores de baixa renda e os demais assalariados, uma vez que não foi observada transição dessas pessoas das vagas que ocupam para outras, melhor remuneradas.
No período analisado de 2002 a 2009, 44,2% dos trabalhadores mantiveram sua situação de baixa renda, 18,3% passaram para o desemprego ou saíram do mercado de trabalho e 37,5% passaram a obter salários mais favoráveis.
Para se ter uma noção da dureza desse índice, no Brasil, um em cada cinco trabalhadores assalariados nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE é considerado de baixa renda. Isso significa que eles ganham menos de dois terços de um salário mínimo. A incidência maior é de mulheres, negros, jovens e trabalhadores com baixo nível de escolaridade.
- Este trabalho mostra outra face da contínua crise de emprego. A recessão não tem sido dramática apenas para milhões de pessoas que perderam seus empregos, mas também para aqueles que mantiveram seus trabalhos, com a redução, de maneira drástica, do poder aquisitivo e do bem estar geral.

Inflação
Vale ressaltar que a aceleração nos preços pesa mais para a baixa renda, que é a classe onde os alimentos e transportes pesam mais no bolso. Neste ano, além do aumento das passagens de ônibus em janeiro deste ano em São Paulo, no país inteiro, em especial por produtos essenciais na mesa do brasileiro: o feijão, a carne e a batata.
No mês passado, as capitais do Nordeste, entre as quais Recife e Salvador, foram as que mais sofreram com a aceleração dos preços dos alimentos e dos transportes. Na cidade baiana, além do aumento dessas duas categorias, houve alta também nos produtos de cuidados pessoais e gastos com saúde, como higiene (sabonetes e xampus) e remédios.
Além do aumento na prateleira dos supermercados, as padarias também repassaram a inflação devido ao aumento do trigo. Neste ano, pãozinho ficou 4% mais caro para o brasileiro. O motivo do aumento do preço do pão é a redução da produção de trigo da Rússia, causada pela forte seca e pelas baixas temperaturas.Acompanhe a Coluna by Valldy de Cruz no Twitter: http://twitter.com/valldydecruz

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