Aumentam casos de golpe do falso sequestro em Sergipe
Da ASN
O telefone toca e, do outro lado da linha, uma combinação apavorante de vozes, ameaças, chantagens e informações bem familiares. O chamado ‘golpe do falso sequestro’ vem aterrorizando cidadãos que, ao serem informados de que algum parente próximo está em poder de supostos sequestradores, acaba cedendo aos apelos deles, que na verdade, são criminosos instalados em presídios de outros estados. Nos últimos três dias, quatro casos deste tipo chegaram ao Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp), sendo três somente na quarta-feira, 02, em um intervalo de quatro horas.
O primeiro golpe do dia foi registrado às 10h24. O vizinho de uma dona de casa ligou ao Ciosp informando que ela estava bastante nervosa, pois um homem ligou para ela afirmando ter sequestrado sua filha. O coordenador de plantão da PM no Ciosp, capitão Lucas, orientou o cidadão para que tentasse acalmar a vizinha e informasse detalhes do local de trabalho ou curso da jovem. Minutos depois, o oficial foi informado de que a garota havia chegado em casa, mas o autor do telefonema pediu que a mãe dela depositasse R$ 1 mil em créditos de telefone, fornecendo dois números com o código 021, do Rio de Janeiro (RJ). O capitão orientou imediatamente que nenhum depósito fosse feito.
Tempo depois, às 12h30, outro telefonema de falso sequestro chegou ao conhecimento do Ciosp. Uma mulher contatou o 190 e informou que um rapaz estava na linha, dizendo que a irmã dela havia sido sequestrada e que para libertá-la, teria de ser feito um depósito de R$ 700 nos mesmos telefones da primeira ocorrência, oriundos do RJ. Detalhe: o pai da vítima já tinha ido comprar os créditos. Desta vez, o capitão Lucas pediu o telefone da suposta refém e, ao ligar pra ela, constatou que a mesma estava no campus de uma universidade particular, em sala de aula. Os créditos de R$ 700 já tinham sido depositados, mas a intervenção do Ciosp impediu que outros R$ 2 mil pedidos pelo criminoso fossem igualmente entregues.
Na terceira ocorrência do dia, às 14h36, um cidadão pediu ajuda ao Ciosp, pois tinha acabado de receber uma ligação, na qual um rapaz dizia que seu filho havia sido sequestrado. O mesmo colocou uma criança na linha para falar como se fosse o filho do noticiante. No entanto, uma filha dele estava ao seu lado, o que desmascarou a farsa. A vítima recebeu outro telefonema, mas do coordenador do Ciosp, que explicou o “golpe do falso sequestro” e deu orientações.
Segundo o diretor-geral do Ciosp, coronel Salvador Braulino Sobrinho, este tipo de golpe é feito por criminosos detidos em presídios de outros estados, que conseguem fazer esses telefonemas usando celulares ou centrais telefônicas instaladas clandestinamente nas unidades. E se aproveitam do descuido das vítimas. “Eles geralmente descobrem telefones e informações pessoais por meio de trotes ou de ligações nos quais eles fingem serem funcionários de empresas e órgãos públicos e pedem informação sobre algum serviço. Aí, as pessoas acabam passando dados pessoais ou mesmo nomes de familiares, sem saber realmente com quem estão falando”, alerta Sobrinho.
Uma tática usada pelos golpistas é usar uma pessoa com voz de mulher ou de criança, que fica na linha chorando e gritando por ajuda, dando a entender que o parente citado por eles (mãe, irmãos, filhos, etc...) está como refém e sofrendo nas mãos dos criminosos. Depois, os próprios autores da ligação fazem ameaças e exigem como resgate o depósito de dinheiro em contas bancárias ou, principalmente, a compra de créditos para celular pré-pago. “Eles costumam pedir valores baixos, pois teoricamente não sabem quanto a pessoa tem de dinheiro e fazem várias outras ligações, para conseguir dinheiro ou mesmo articular outros crimes”, diz o coronel.
Para evitar esse tipo de golpe, que já teve como vítimas até o vice-presidente da República, José Alencar, o diretor do Ciosp dá uma orientação básica: buscar, imediatamente, um contato com a pessoa supostamente sequestrada. “Se estiver na linha com um desses golpistas, peça a uma pessoa próxima para que ligue ou procure a pessoa que ele diz ter sequestrado. Encontrar a pessoa e saber se ela está bem é o suficiente para acabar com a farsa”, orienta Sobrinho.
O coronel acrescenta que é importante prestar um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima, fornecendo o número de origem da chamada, geralmente registrado em celulares ou “Binas”(identificadores de chamada). Qualquer informação de “golpe do falso sequestro” também pode ser passada aos telefones 190 (Polícia Militar) ou 181 (Disque-Denúncia).
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