terça-feira, 31 de agosto de 2010

CASO MÉRCIA

Perícia de SP conclui laudo sobre assassinato de Mércia Nakashima Dinâmica do crime deve apontar Mizael como executor, diz MP.
Documento de 200 páginas será entregue hoje a Polícia Civil, MP e Justiça.
Do G1 SP
Foto TV Globo
A perícia da Polícia Técnico-Científica de São Paulo concluiu na madrugada desta terça-feira (31) o laudo sobre como a advogada Mércia Nakashima foi assassinada. O documento de quase 200 páginas, sendo 20 com o relatório da dinâmica da cena do crime e o restante com o resultado de mais 13 exames e análises, será entregue a Polícia Civil, na capital paulista, e ao Ministério Público e a Justiça de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Segundo o Ministério Público, a conclusão do laudo com o passo a passo do crime deve apontar o advogado e policial militar reformado Mizael Bispo de Souza como assassino da ex-namorada Mércia. O motivo teria sido ciúmes. De acordo com o documento, o advogado teria sido auxiliado pelo vigia Evandro Bezerra Silva. Os dois negam o crime e estão em liberdade.
A conclusão do laudo foi feita pelo perito Renato Pattoli, que trabalha no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável por investigar o caso. Procurado, elei não quis comentar o assunto.

Relatório
O relatório do laudo de Pattolli também pode indicar uma prova técnica que colocaria Mizael na represa de Nazaré Paulista, no interior do Estado, onde Mércia morreu afogada. Essa prova técnica foi obtida pelos peritos do Instituto de Criminalística (IC). A perícia do DHPP e a perícia do IC são subordinadas à Polícia Técnico Científica de SP.
O corpo de Mércia foi localizado em 11 de junho deste ano. Um dia antes, o veículo dela havia sido encontrado submerso no mesmo local. A mulher tinha desaparecido de Guarulhos em 23 de maio.
O laudo com a dinâmica da cena do crime será entregue na manhã desta terça ao delegado Antônio de Olim, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que presidiu a investigação. Depois, ele, o perito e o promotor Rodrigo Merli Antuntes vão se encontrar ainda nesta terça na sede do MP em Guarulhos. A prova que coloca Mizael na cena do crime será divulgada após a reunião. Depois, o laudo segue para o juiz Leandro Bittencourt Cano, no Fórum de Guarulhos, para ser anexado ao processo.
“O que posso dizer é que são conclusões que colocarão Mizael na represa, mas não sei ainda o que é. Posso garantir, no entanto, que é uma prova técnica contundente”, disse o promotor, por telefone, na manhã desta terça.
A reportagem não conseguiu localizar Olim para falar a respeito. O advogado de Mizael, Samir Haddad Júnior, e o advogado de Evandro, José Carlos da Silva, afirmaram ao G1 que vão esperar a divulgação oficial do laudo para se manifestar.
Apesar disso, Haddad Júnior criticou como o caso está sendo conduzido. "Critico essa postura de coisas secretas que estão guardadas embaixo do pano. Todas as provas devem estar abertas e transparentes. O que está tendo é um obscurantismo. É isso o que está tendo", disse o defensor de Mizael.

Investigação
Mizael e Evandro são réus no processo no qual são acusados de participar da morte de Mércia. Segundo a perícia, Mércia foi agredida, baleada, desmaiou e morreu afogada dentro do próprio carro em Nazaré Paulista em 23 de maio. Ela não sabia nadar. Um pescador disse à polícia ter visto o automóvel dela afundar e um homem não identificado sair do veículo. Além disso, afirmou ter escutado gritos de mulher.
Para a polícia, Mizael matou a ex por ciúmes porque não aceitava o fim do relacionamento. Evandro o teria auxiliado na fuga lhe dando carona. O vigia, que chegou a acusar o patrão e dizer que o ajudou a fugir, voltou atrás e falou que mentiu e confessou um crime do qual não participou porque foi torturado.
Ainda segundo o relatório do delegado Olim, do DHPP, Mizael e Evandro trocaram diversos telefonemas combinando o crime. A polícia chegou a essa informação a partir da quebra dos sigilos telefônicos dos dois. O rastreador do carro do ex também mostrou que ele esteve próximo ao local onde Mércia foi achada.

Liberdade provisória
Mizael e Evandro estão em liberdade provisória por conta da decisão da desembargadora Angélica de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Ela decidiu, em caráter liminar, pela revogação dos decretos de prisão preventiva contra os réus. O mérito da liminar ainda será apreciado pela relatora e outros desembargadores. Além da relatora, mais dois desembargadores votarão se Mizael e Evandro continuarão soltos ou serão presos. Geralmente, os três desembargadores se reúnem sempre às quartas-feiras.
Mizael, apontado como o mentor e executor do crime, é acusado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e dificultar a defesa da vítima). Evandro também foi acusado pelo assassinato, mas com duas qualificadoras (meio cruel e dificultar a defesa da vítima), sendo citado pelo promotor como "partícipe".

Audiência
No dia 18 de outubro ocorrerá a primeira audiência do caso Mércia no Fórum de Guarulhos. Serão ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa, bem como os réus. Essa etapa é chamada de fase de instrução e antecede a de um eventual julgamento. O juiz dirá se vai pronunciar os réus, ou seja, levá-los a júri popular e marcar a data do julgamento, ou se irá optar pela impronúncia, desclassificação da ação ou absolvição sumária dos acusados.
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