Polícia Federal faz investigação paralela em Sergipe sobre atentado
Presidente do TRE-SE teve o carro alvejado por 30 tiros na quarta-feira.
PF aguarda perícia para saber se atiradores deixaram impressões digitais.
DoG1,em Aracaju
DoG1,em Aracaju
O inquérito aberto pela Polícia Federal (PF) em Sergipe para apurar a tentativa de assassinato do presidente do Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-SE), desembargador Luiz Antônio Mendonça, é uma investigação paralela em relação o trabalho da Polícia Civil sergipana, segundo informou a PF nesta quinta-feira (19).
A PF tem como principal suspeito um conhecido pistoleiro da região, condenado, em 2007, pela Justiça Eleitoral pelo roubo de urnas eletrônicas no município de Canindé São Francisco, a cerca de 200 quilômetros da capital, Aracaju. Na época, Mendonça atuou no processo como promotor de Justiça. Em outro caso ligado ao mesmo pistoleiro, suspeito de envolvimento no assassinato do deputado estadual Joaldo Barbosa, em 2003, o desembargador era secretário de Segurança do Estado.
O carro oficial que levava o desembargador ao Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE), nesta quarta-feira (18) foi abordado por um veículo com quatro homens encapuzados que dispararam mais de 30 tiros contra o presidente do TRE local. Mendonça teve apenas ferimentos leves e retomou o trabalho nesta quinta-feira (18).
O delegado-executivo regional da PF no estado, Sidney de Oliveira Atis, afirmou ao G1 que até agora o desembargador foi a única testemunha ouvida no caso. Segundo o agente da PF, o próprio desembargador teria mencionado o nome do pistoleiro como um dos prováveis suspeitos.
Os policiais federais, no entanto, ainda não têm uma linha definida de investigação e aguardam o resultado das perícias feitas no local dos disparos – uma avenida movimentada da Zona Sul da capital – no carro oficial do TJ-SE e no carro abandonado pelos atiradores. O Honda City cinza foi encontrado queimado e, segundo a polícia, foi roubado em Maceió, Alagoas.
Para a PF, houve falta de cuidado da Polícia Civil nos momentos que se seguiram ao atentado. O agente federal afirma que cápsulas de projéteis foram recolhidas do chão e curiosos teriam se aproximado do veículo que recebeu os disparos. “Não houve preservação do local do crime”, disse o agente.
O delegado da Polícia Civil, responsável pela segurança do TJ-SE, Júlio Flávio, foi um dos primeiros a chegar ao ponto da Avenida Beira Mar, onde ocorreu o atentado. Segundo ele, em uma avenida movimentada da cidade não seria possível manter a integridade do local do crime, que fica a cerca de cinco quilômetros do tribunal.
“O crime ocorreu na avenida mais movimentada da nossa cidade. Seria humanamente impossível fazer um isolamento perfeito, sem que curiosos e pessoas que queriam ajudar o motorista baleado encostassem no carro ou recolhessem cápsulas para preservar provas. Naquele local seria impossível não ter ação humana”, disse o delegado.
Polícia Civil
O superintendente da Polícia Civil no estado, delegado João Batista Santos Júnior, afirmou nesta quinta-feira (18) que também ainda não há uma linha única de investigação para o atentado e nem pistas que possam levar a suspeitos.
“Ainda não descartamos nenhuma possibilidade. O desembargador sempre foi uma pessoa muito dura no trabalho de combate ao crime. O lado pessoal também será checado. Hoje nós temos mais dúvidas do que certezas na cabeça e os investigadores também. Mas esperamos que essas dúvidas se transformem em uma certeza. Isso demanda tempo”, disse o superintendente.
Segundo o delegado, testemunhas que estavam no local dos disparos não tiveram condições de reconhecer os homens que atiraram no desembargador. Alguns investigadores que atuam no caso afirmam que o crime tem características de ter sido planejado, considerando que os atiradores pareciam conhecer a rotina do magistrado.
Para Santos Júnior, o crime parece “mais audacioso, do que bem preparado”.
Para Santos Júnior, o crime parece “mais audacioso, do que bem preparado”.
“Não acredito que tenha sido bem planejado. Achei mais audacioso do que bem preparado, porque o local que eles escolheram para o atentado foi complicado, com movimentação muito grande e eles corriam o risco até de ficarem engarrafados no trânsito. Se arriscaram muito”, avaliou do delegado da Polícia Civil.
Nesta quinta-feira (19), a Polícia Militar identificou três carros roubados abandonados em lugares diferentes da capital sergipana. Ainda não há indícios da ligação com o crime, mas segundo a polícia, um dos veículos teve a placa clonada do carro de um parente de Luiz Mendonça. O desembargador minimizou o episódio.
“Talvez por conta do excessivo policiamento na cidade depois do atentado alguém que tenha roubado um carro para cometer um crime tenha decidido abandoná-lo”, afirmou o desembargador pouco antes de iniciar a primeira sessão do TRE-SE após o atentado.
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