‘Acredite, ainda estou escrevendo o último capítulo’, diz Manoel Carlos
Autor de 'Viver a vida' elogia Taís Araújo e fala de final de Marcos e Tereza.
Novelista tem planos de incluir personagem cadeirante em uma trama futura.
Dolores Orosco
Do G1, em São Paulo
Do G1, em São Paulo
Viver a vida” termina nesta sexta-feira (14), mas a dois dias do último capítulo ir ao ar, o autor Manoel Carlos ainda escrevia cenas derradeiras. “Acredite, ainda estou escrevendo algumas cenas do último capítulo”, contou o novelista.
Alguns dos desfechos já eram esperados pelo público, como o final feliz de Helena (Taís Araújo) e Bruno (Thiago Lacerda), Luciana (Alinne Moraes) e Miguel (Mateus Solano). Mas o casal que ninguém esperava ver junto era Tereza (Lília Cabral) e Marcos (José Mayer).
Infiel desde o início da trama, Marcos pisoteou o coração da ex-mulher em quase todos os capítulos. Mas Tereza – uma das personagens mais populares de “Viver a vida” – irá aceitar o marido de volta, como promete o autor. “Tereza nunca deixou de amar Marcos. E os dois ficarem juntos no final acabou sendo inevitável”, diz.
Em entrevista ao G1, o autor faz um balanço de sua novela, que ficará marcada pelo ineditismo de ter um personagem caideirante no núcleo central. No entanto, Manoel Carlos, deixa claro que a protagonista de “Viver a vida” não foi Luciana (Alinne Moraes), a modelo que perde os movimentos do corpo em um acidente.
“O papel do protagonista não deve ser medido pela sua presença em cena, mas pela sua onipresença. E a Helena ocupa essa posição”, enfatiza ele, se referindo à personagem de Taís Araújo, que chegou a receber críticas nos primeiros meses da novela.
Confira o que diz o autor:
Marcos e Tereza: o surpreendente “felizes para sempre”
“Percebi que, mesmo com tudo que aconteceu, Tereza nunca deixou de amar Marcos. E os dois ficarem juntos no final acabou sendo um desfecho inevitável. Não diria que Marcos vai se regenerar, simplesmente porque não acredito que ele seja um degenerado. Acho que o personagem mudou desde o primeiro capítulo. Não há quem passe por tudo que ele passou - divórcio, casamento, acidente que deixou afilha tetraplégica, um filho que reapareceu, uma relação extraconjugal conturbada - e continue igual”.
Luciana: a grande protagonista de “Viver a vida”
“A novela fala de superação, e a superação-símbolo da novela é a da Luciana. É natural que ela seja, portanto, o centro das atenções. O papel do protagonista não deve ser medido pela sua presença, mas pela sua onipresença. E a Helena (Taís Araújo) ocupa essa posição. Tudo se relaciona a ela, a começar pelo acidente que deixou a Luciana tetraplégica”
A contribuição social de Luciana
“Minha intenção era contar uma bela história de superação, chamando a atenção para as pessoas que lutam e vencem adversidades que nos parecem invencíveis. Como Luciana ficou tetraplégica, a novela mostrou as dificuldades que de fato existem na vida de uma pessoa com deficiência como a falta de acessibilidade, a exclusão social, o preconceito. Se através deste trabalho consegui suscitar discussões relevantes para a sociedade, já fico satisfeitíssimo. Ainda não defini qual será meu próximo trabalho, mas tenho alguns projetos [de criar outros personagens cadeirantes em novela]. Mas prefiro não adiantar por enquanto”
Taís Araújo: Manoel Carlos diz que atriz fez
'admiravelmente bem' sua Helena.
“A Taís Araújo fez admiravelmente bem a história que escrevi para ela. No início senti não uma rejeição, mas um certo estranhamento por uma parte do público, talvez por ser novidade uma atriz tão jovem vivendo a protagonista de uma novela minha. O telespectador estava acostumado a ver atrizes mais velhas no papel de Helena. Mas a partir do capítulo 50, deixei de sentir esse estranhamento”
Público influencia final de personagens
“Considero a reação do público parte fundamental do trabalho, tanto que muitas vezes acaba influenciando mesmo na trajetória da trama. Em “Viver a vida” gosto de citar o exemplo do Garcia [o ator Mario José Paz]. O personagem, que acabou ganhando o apelido de Maradona, seria apenas uma participação especial. O ator funcionou tão bem em cena com a Giovanna Antonelli e a pequena Klara [Castanho], que ficou até o último capítulo. E agora está no centro de uma das principais tramas. Soraia [Nanda Costa] também ganhou destaque nessa reta final”
Isabel: franqueza não é vilania, defende autor.
Isabel (Adriana Birolli): foi ou não a vilã de “Viver a vida”?
“Minhas personagens sempre são inspiradas e conservam características de pessoas reais, que conviveram ou convivem comigo, mas são trabalhadas, claro,na ficção. Diria que Isabel transformou sua amargura, por ter se sentido a vida inteira preterida pelos pais, em uma franqueza radical. Isabel terá um final feliz, claro”
Isabel (Adriana Birolli): foi ou não a vilã de “Viver a vida”?
“Minhas personagens sempre são inspiradas e conservam características de pessoas reais, que conviveram ou convivem comigo, mas são trabalhadas, claro,na ficção. Diria que Isabel transformou sua amargura, por ter se sentido a vida inteira preterida pelos pais, em uma franqueza radical. Isabel terá um final feliz, claro”
Despedida das novelas
Sempre que termino uma novela, digo que será a última. Foi assim em “Mulheres apaixonadas”, em “Páginas da vida”... Mas, como adoro meu trabalho, acabo voltando atrás. Sei que vou continuar enquanto tiver condições para isso.
Sempre que termino uma novela, digo que será a última. Foi assim em “Mulheres apaixonadas”, em “Páginas da vida”... Mas, como adoro meu trabalho, acabo voltando atrás. Sei que vou continuar enquanto tiver condições para isso.
A próxima “Helena”
Minhas Helenas têm um perfil muito parecido. São sempre mulheres independentes, com virtudes e defeitos como qualquer um de nós. Claro que em cada novela a personagem guarda suas peculiaridades, mas todas são muito semelhantes em sua essência. Desta vez tivemos uma Helena mais jovem, negra. Quem sabe a próxima não será a matriarca de uma dessas famílias tradicionais?
Minhas Helenas têm um perfil muito parecido. São sempre mulheres independentes, com virtudes e defeitos como qualquer um de nós. Claro que em cada novela a personagem guarda suas peculiaridades, mas todas são muito semelhantes em sua essência. Desta vez tivemos uma Helena mais jovem, negra. Quem sabe a próxima não será a matriarca de uma dessas famílias tradicionais?
O público pode esperar surpresas no último capítulo de “Viver a vida”?
Acredite, ainda estou escrevendo algumas cenas do último capítulo!
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