Silvio de Abreu revela segredos de Passione.
O autor conta que a novela terá um assassinato e uma reviravolta no capítulo 100. Vem muita emoção por aí...
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Foto: Fabricio Mota A partir de 17 de maio, prepare-se para ficar grudada na telinha, pois Silvio de Abreu, autor de estrondosos sucessos como Rainha da Sucata (1990), A Próxima Vítima (1995) e Belíssima (2005), está de volta com Passione. A trama vai girar em torno de um homem maduro, Totó, feito por Tony Ramos, e que se apaixona por uma garota com idade para ser sua neta sem imaginar que ela é uma tremenda golpista.
O autor tem paixão por assistir e escrever novelas tão mirabolantes quanto sua imaginação. “É que minha vida não tem graça nenhuma”, justifica com seu eterno bom humor. Você acreditou? O querido Silvio, tal qual suas novelas, é pra lá de interessante. Confira nesta entrevista.
O que você considera uma boa novela?
Ela tem que ter história e quem arma são os personagens. Com bons personagens e uma boa história, você tem a possibilidade de fazer bons ganchos e prender a atenção do telespectador. Se eu não tiver um elenco capaz de realizar aquilo que imaginei, também não vou ter nada. Se não tiver uma direção que leve esse elenco ao caminho que combinamos, também não terei uma boa trama. Novela é equipe.
E a equipe de Passione já está bem entrosada?
Passione é um bom exemplo disso. Estou fazendo essa novela, ao lado da Denise (Saraceni, diretora) há um ano e meio. A gente já fez Torre de Babel (1998), Belíssima, Da Cor do Pecado (2004) e Anjo Mau (1997), que supervisionei e ela dirigiu. Trabalhamos muito junto, assim como tenho uma parceria com Jorginho (Fernando), que adoro. Você tem de trabalhar com alguém que entenda, goste e respeite o seu processo. Aí a coisa sai. Quando digo para Denise que vamos gravar na Itália, ela sabe por que e valoriza. Aliás, as imagens gravadas lá para Passione são estupendas.
E assim o telespectador fica mesmo com vontade de assistir...
Não gosto da ideia de que se vê novela por não ter mais nada para fazer. Isso me soa muito ofensivo. Acho que a pessoa tem que ver porque gosta, e para isso o autor tem que dar a ela visual, interpretação, psicológico, tudo é importante para criar um produto que dê prazer a quem assiste. Eu me esmero para isso.
Como você cria seus personagens?
É um processo muito espontâneo. No caso de Passione, queria fazer uma novela na Itália, país que adoro. A família da minha mãe é italiana, os Ferreto Mesquiéri. O Abreu no meu nome é do meu avô paterno, que era português, mas o resto da minha família é toda italiana. Sou fã daquele país e, principalmente, do cinema italiano. Acho a arte e a comida de lá maravilhosas, as paisagens lindíssimas e o povo muito divertido. As pessoas misturam muito a tragédia e a comédia, que é uma coisa que faço no meu trabalho há muito tempo.
De fato, uma das características de suas histórias é a comédia, não?
É sim, as pessoas já vêm falar comigo dando risada, esperando que a novela seja engraçada. E também tem drama. Dá certo por causa da mistura. Uma novela que seja apenas engraçada não prenderia a atenção. Essa junção de drama e comédia é uma fórmula do cinema italiano.
As divas, uma característica do cinema americano, também estão presentes em suas tramas...
Ah, nas minhas novelas as pessoas têm que ser bonitas, bem arrumadas, amo a fantasia. Se gostasse de realidade ia ser repórter como você (risos). Prefiro criar coisas, sair do real, inventar grandes paixões. Minha vida é muito comum. Sou casado com a mesma mulher há 35 anos, a Maria Célia, tenho uma filha de 30 anos, a Juliana, que não dá problema, graças a Deus! Aliás, se casou recentemente. Minha vida é sem graça nenhuma, mas minha cabeça ... (risos).
Você acabou não dizendo como surgiram os personagens...
É que estou aqui pensando como vou responder (risos). A primeira ideia que tive foi de que o Tony (Ramos) fizesse um italiano. Aí pensei que ele poderia se apaixonar por uma mulher mais nova, que será feita pela Mariana Ximenes. Durante uma hora e quinze do trajeto que fiz de carro de minha casa no Guarujá para São Paulo já tinha uma sinopse. Então pensei que Fernanda poderia ser mãe do Tony. E aí fui inventando, costurando e saiu.
O núcleo central é então formado por Tony e Mariana?
Sim, mas Passione não tem um só protagonista. A trama de Rodrigo Lombardi, Carolina Dieckmann e Marcello Antony também é uma história de amor muito forte. Hoje em dia, uma novela tem 55 minutos, mais 20 de comercial. São quase 80 minutos no ar, precisa ter um elenco grande e saber usar esse elenco e ter história para todo mundo.
Você toma algum cuidado para que um personagem se destaque mais do que o outro?
Isso não. A história é que vai levando. Quando você tem os personagens, eles mesmos vão tomando lugar dentro da história. Se você põe um personagem sem história, o ator acaba se perdendo.
Vai ter assassinato em Passione?
Ah, vai (risos)! Quando chegar ao capítulo 100 mais ou menos, a novela dará uma virada e se tornará uma trama policial. Mas não vou contar mais nada sobre isso!
Você costuma colocar os atores em papéis que eles não fazem normalmente. Desta vez como vai nos surpreender?
Com Irene Ravache, Bruno Gagliasso e a Gabriela Duarte fazendo tipos cômicos. Mariana e Reynaldo Gianecchini viverão seus primeiros vilões. Sempre escalo contra o que eles estão acostumados a fazer. Para o ator é estimulante, para mim e para o público, uma coisa nova.
Qual sua rotina para escrever?
Começo às 7 da manhã, paro para almoçar com minha mulher, converso com minha filha, e volto a escrever até finalizar o capítulo. Preparo um capítulo por dia. Fico às vezes até 10 da noite, outras até as 2 da manhã... Isso é todo dia, durante 200 capítulos. Portanto, são 200 dias. Não dá para mudar esse ritmo, já que todo dia precisa ir um capítulo para o ar. Ainda bem que faço com o maior prazer!
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